Por vezes cansámo-nos, cansámo-nos do nosso aspecto, do nosso estilo, do nosso corte de cabelo, da nossa roupa, das nossas companhias, dos lugares que frequentamos, das palavras que dizemos e ouvimos, das promessas quebradas, dos momentos em vão e sentimentos não correspondidos. E então decidimos mudar, mudar tudo o que de errado existe em nós, tudo aquilo que já não nos faz sentir bem. Decidimos dar liberdade a todas as coisas que nos prende, decidimos ausentar-nos de certas pessoas, certas coisas, que apesar de doer é sempre melhor solução. Mas por vezes sinto falta de pequenos desentendimentos, talvez porque fazer as pazes dá-me uma sensação tão boa, ter alguém que lute por nós, pela nossa estabilidade, pelo nosso amor, pela nossa felicidade é de facto mágico,. É tão bom ouvir alguém dizer “eu amo-te, tenho saudades tuas Rainha linda :’$”… Chego á conclusão que por vezes mais vale desistir do que insistir, esquecer do que lutar, arrumar do que cultivar, anular do que desejar. Por vezes é preciso mudar o que parece não ter solução, deitar tudo a baixo para voltar a construir do zero, bater com a porta e nunca mais a abrir, queimar cartas e fotografias, esquecer a voz e o cheiro, as mãos e a cor da pele, apagar a memória sem medo de a perder para sempre, esquecer tudo, cada momento, cada minuto, cada passo e casa palavra, cada promessa e cada desilusão. Por vezes é preciso saber renunciar, não aceitar, não cooperar, não ouvir nem contemporizar, não pedir nem dar, não aceitar sem participar, sair pela porta da frente sem a fechar, pedir silêncio e paz e sossego, sem dor, sem tristeza e sem medo de partir. E partir para outro mundo, para outro lugar, mesmo quando o que mais queremos é ficar, permanecer, construir e investir, amar. Porque quem parte é quem sabe para onde vai, quem escolhe o seu caminho e mesmo que não haja caminho porque o caminho se faz a andar, o sol, o vento, o céu e o cheiro do mar são os nossos guias, a única companhia, a certeza que fizemos bem e que não podia ser de outra maneira. Ás vezes é preciso deitar as roupas que já tem o formato do nosso corpo fora, e vestir outras novas. Contudo ficam as saudades, as saudades do que deixamos para traz, permanecem no nosso coração, e quando ele já não aguenta mais, escorre por os olhos, como pequenas gostas salgadas, no meio disto tudo, tenho saudades dos nossos momentos, das nossas noites , das mensagens lindas, do teu toque, do teu cheiro, dos nossos desatinos , das nossas brincadeiras, dos nossos ciúmes, momentos que agora não passam de simples recordações, mas que deixam uma saudade imensa. Quem fica, fica a ver, a pensar, a meditar e a lembrar. Até conformar e um dia então esquecer.
E sabem qual é a parte mais irónica disso? É quando nós dizemos que não os queremos perder, e eles dizem que também não nos querem perder, e depois transformam-se em sapos horrendos e saltam para longe, deixando a Cinderela do conto de fadas a chorar a sério, com o coração quebrado em pedaços…
Às vezes é preciso desistir...
ResponderEliminarmas nem sempre é fácil .
ResponderEliminar